Não quero saber o que o Juízo Come

Pensa numa mulher gripada?Achou. Agora numa Mãe FELIZ? Olha eu aqui! E Numa mulher realizada?Alguém chamou??????

Pois é, sou sim tudo isto, mas grazadeuso estou longe de ter uma vida teoricamente  pensada, analisada e perfeita, reassumi apenas as rédeas da minha vida, e quem não gosta tem apenas uma alternativa roer os cotovelos. Esta retomada tem sido um verdadeiro renascimento e pequepancia de minha’lma! Como me sinto forte com isto!

Nunca fiz parte de tribos, fossem elas quais fossem, tanto que na adolescência era a única que transitava com facilidade entre os guetos: Plays, Patis, Metal. Punks, góticos, CDFs, Turma do fundão... Não me importava gosto de gente e não de teorias ou ideologias... E mantive esta postura por grande parte da minha vida, até que numa curva do caminho me perdi, e comecei a tentar me ‘enquadrar’, me preocupei mais com os outros que comigo, aceitei amarras e moldes e..... ME FUDI! Larguei minhas caveiras, minhas coleiras, meus bichos: cobras, zebras e leopardos ( a paixão por onça é recente) minhas mini micro saias, meu esmalte eternamente preto ou vermelho sangue, a maquiagem com o olho marcado de negro e o batom gritando vermelho! Junto a isto vieram as teorias: ser mãe liberal ou repressora? Ser de esquerda ou de direita? Assumir a postura de ‘mulher decente’ ou continuar assumindo minhas vontades e desejos? E quando olhei não era nada... Era a boa mãe, a filha carinhosa, a profissional competente, a esposa esperada, a amiga compreensiva. Mas eu? EU não era NADA! E veio o vazio, a tristeza, a infelicidade, a solidão...

Mas sempre confiei em Deus, Cosmo, Alah, Buda, Jeová, Energia, ou que nome tenha e assim nunca fui abandonada e o puxão de orelha veio forte. E em 2011 quase pereci, não queria ouvir, afinal era o que todos esperavam, que a Roberta finalmente se adequasse, não podiam estar errados, resisti e quando mais resistia mais porrada levava, e talvez a mais forte foi ver o que a ‘adequação’ podia fazer com  pessoas que tinham tudo para serem autenticas e pela  adequação se tornaram meras caricaturas tristes do belo ser humano que talvez poderiam ser... E retomei minha vida, minhas rédeas, minha não adequação, meu direito de ser extremamente liberal e extremamente conservadora, sem com isto perder a coerência, meu direito de não ser politicamente correta ou não concordar com boa parte das exigências das mimimiminorias, meu direito simples e puro de achar normal um homem amar outro homem e ao mesmo tempo não querer que meus filhos convivam por enquanto com este tipo de organização familiar... Meu direito puro e simples de achar que se um ser se acha mãepai de um bicho não pode se irritar se eu  chamar de asno ou cadela...meu direito puro e simples de achar pontos hiper positivos tanto nas ‘mães tigre’ quanto nas ’mães  apego’... Meu direito puro e simples de mudar de idéia de passar a ter uma puta admiração por pessoas que um dia julguei fúteis ( e que morro de culpa) e um puta desprezo por outras que um dia julguei ídolos(Grazadeuso feitos de vento).

Com isto afastei muita gente, alguns lamentei, outros comemorei, mas no fundo sei que só quem ganhou fui EU! Ganhei verdade, Vida, consistência. Quem ficou ou chegou depois é porque REALMENTE vale a pena, em sua maioria pessoas como eu, prismas com vários ângulos, cada um com sua beleza e sua luz e suas sombras não menos cativantes...

E no domingo, depois de um lindo dia das mães com carinho e chamego vindo de perto e de longe, ao me arrumar para o teatro cazamigas e me olhar no espelho tive a certeza que enfim EU estava de volta, e nada no mundo foi tão revelador quanto à imagem que o espelho me mostrou: o reflexo de uma mulher de 38 anos, absolutamente bem resolvida e completamente FELIZ!

 E Não! Não irei criar o tal do juízo, quero chegar aos 390 anos sem ter descoberto o que o desinfelizinho come.