A primeira vez que tive contato com o câncer foi no final dos anos 70, inicio dos 80, era uma menininha e assisti inúmeras vezes o filme: "Um Dia de Sol" (Sunshine, 1973, de Joseph Sargent), mamãe adorava o filme, eu achava a história emocionante e assistíamos juntas todas as vezes que ele passava na TV, jogadas sob a cama dos meus pais, comendo besteira e falando sem parar.
O Filme contava a história de uma mulher jovem, casada com seu grande amor, com uma filhinha pequena e que descobria ter câncer no joelho, e começava a gravar uma série de fitas para deixar de recordação para que a filha a conhecesse. Lembro que em determinada parte do filme era dado a ela a opção de que cortasse a perna para tentar se curar, e ela recusava. Neste ponto invariavelmente eu e mamãe discutíamos, e o tema era sempre o mesmo, mamãe achava que ela estava certa em não se deixar mutilar, e eu achava que ela não tinha o direito de morrer e deixar a filhinha longe dela. E sempre ao terminar o filme eu relatava a raiva que eu tinha daquela doença que roubou a mãe da menininha.
Os anos se passaram, eu cresci, vi inúmeros outros filmes, alguns Cult, muitos água com açúcar e em 1994 dois dias após descobrir que carregava a Zebra em meu ventre recebemos a notícia que minha avó, dinda, exemplo de vida, matriarca da família estava com câncer no fígado, o médico foi direto e deu no máximo 4 meses de vida, ela não teve nem a oportunidade de tentar lutar contra a doença que já havia tomado seu fígado por completo. A família praticamente se mudou para o hospital, e assistimos aquela mulher forte, que trabalhava das 7 da manhã até a hora em que o trabalho exigisse, Poderosa e respeitada por aliados e opositores em seu meio de trabalho, definhar e se consumir diante de nossos olhos sem que nada fossemos capazes de fazer para libertá-la ou mesmo aliviar seu sofrimento! Ela encarou tudo com a dignidade de sempre, e antes de partir 3 meses após a descoberta de sua doença, fez questão de abençoar a bisneta que jamais viria a conhecer.
Quase 17 anos depois do meu ultimo encontro com o câncer, por volta do meio dia recebo uma ligação de Brasília, era mamãe, relatava que o médico havia encontrado um nódulo enorme no seio esquerdo, e que a probabilidade de ser câncer era alta. O Mundo rodou, comecei a enjoar, as lágrimas brotavam em meus olhos enquanto eu tentava manter a voz firme e falar palavras de incentivo, que não seria nada, e que se fosse estaríamos juntas.
Poucos dias e muitos exames depois veio a comprovação, um carcinoma imenso, de tipagem rara e agressivo, tomava conta do seio de minha mãe... No primeiro momento tive raiva, depois tive medo e logo em seguida me veio uma força imensa de lutar com ela contra aquela que desde minha primeira infância era a doença que sempre me aterrorizou. Perder esta luta não é uma opção válida. Sei que juntos, ela, os médicos, os filhos, a família, os amigos vamos superar e vencer este obstáculo. Entretanto a certeza da cura e da vitória final não torna as batalhas menos dolorosas. Apesar da distância física que nos separa ela sabe que estou incondicionalmente ao lado dela para tudo e para qualquer decisão que ela tome, mesmo que uma hora seja desistir de brigar...
E hoje, tantos e tantos anos depois, me sinto novamente como aquela menininha de 6, 7, 8 anos... E só queria poder me teletransportar para Brasília e novamente me deitar na cama dos meus pais e escutar a risada gostosa da minha mãe quanto eu afirmava que jamais deixaria esta doença boba levar alguém que eu amasse
Oi,Roberta, falei desse filme outro dia com marido, pois procurei por ele no youtube, eu tbém assistia com minha mãe todas as vezes que passava e chorava muuuuuitoooo e depois ainda veio Um dia de sol no natal...toda vez q ouço a música choro(tenho um cd do John Denver)...
ResponderExcluirÉ uma batalha tão dolorosa essa, não tive caso na família, mas a tia do meu marido faleceu com um cancer no útero,escondeu a doença qto pode,até que as irmãs resolveram ir com ela ao médico e aí começou tudo,e o medo ronda a família pela parte do meu marido,ñ foi o 1º caso e fico sempre alertando meu marido,já que na parte do pai dele tbém,uma prima dele operou e tirou 1/3 do rim,eu tenho muito medo dessa doença,acho q todos tem,pela agressividad e tudo mais...torço por tua mãe e que Deus te dê muita força.Rogéria Thompson
Oi,Roberta, falei desse filme outro dia com marido, pois procurei por ele no youtube, eu tbém assistia com minha mãe todas as vezes que passava e chorava muuuuuitoooo e depois ainda veio Um dia de sol no natal...toda vez q ouço a música choro(tenho um cd do John Denver)...
ResponderExcluirÉ uma batalha tão dolorosa essa, não tive caso na família, mas a tia do meu marido faleceu com um cancer no útero,escondeu a doença qto pode,até que as irmãs resolveram ir com ela ao médico e aí começou tudo,e o medo ronda a família pela parte do meu marido,ñ foi o 1º caso e fico sempre alertando meu marido,já que na parte do pai dele tbém,uma prima dele operou e tirou 1/3 do rim,eu tenho muito medo dessa doença,acho q todos tem,pela agressividad e tudo mais...torço por tua mãe e que Deus te dê muita força.Rogéria Thompson
Poxa Beta, não conheço esse filme, e sabia da tua mãe mas nem imaginava sobre sua tia, uma pessoa tão próxima e vc tão jovem vivenciar isso! O câncer realmente é uma coisa que ainda não tem explicação pra mim. Casos fulminantes como esse, a agressividade e até a luta das pessoas, é algo inexplicável. Ano passado perdi uma amiga aos 27 anos de leucemia, 3 semanas depois do diagnóstico. Ainda dói. Postei no blog na época pedindo doação de sangue e medula e jamais imaginaria que dias depois o pior iria acontecer... Força para tua mummy viu!?
ResponderExcluirBeijos querida!
Roberta,amo esse filme e já procurei no you tubee não consigo,pedi na livraria e o moço disse que vai tentar pra mim em são paulo.
ResponderExcluirNão tenho casos na familia...sei que é algo dificil,mas não impossivel.
Força amiga e sua mãezinha estará apartir de agora em minhas orações.
bjão amiga.
ps: Sempre choro com a música do filme e eu também não aceitava que a mãe deixasse sua filha e aquele homem que a amava tanto.
Vanice santana