Há exatos 21 anos e 20 dias conheci meu primeiro grande, incondicional e infinito amor, o Carlinhos... Chegou neste mundão chorando baixinho, respirando fraquinho e mesmo tão minduinho já veio mostrar que era um garotão guerreiro, bravo, destemido e disposto a superar todos os obstáculos que a vida iria lhe apresentar.
Os primeiros dias cercaram a família inteira de uma apreensão terrível, vê-lo ali na UTI neonatal lutando pela vida colocou a todos num compasso de espera e só conseguimos respirar aliviado quando ele venceu aquela batalha e foi para casa... Ele foi crescendo enchendo a casa com aquele tipo de alegria que só os bebês são capazes de transmitir e aos poucos percebemos que ele não se desenvolvia como os outros bebês... Mamãe brigava com o Pediatra que insistia que ele era apenas um bebê preguiçoso, enfim quando ele tinha pouco mais de um ano ela encheu tanto o saco do pediatra que saiu do consultório com uma guia solicitando um Eletroencefalograma.
Quando o resultado do exame saiu veio então a notícia que transformaria a vida de todos nós a partir daquele dia e ainda hoje quase 20 anos depois sou capaz de ouvir com clareza a voz do meu pai falando: “Roberta, ele tem Paralisia Cerebral.” Minha alma rasgou e saí caminhando sem rumo, por mais que eu tentasse as controlar as lágrimas brotavam dos meus olhos e eu só conseguia pensar: Porque ele? Porque não eu? E sinceramente naquele momento achei que Deus era o ser mais feladaputa injusto que eu conhecia.
Tive medo, medo do desconhecido, medo do que ele iria enfrentar e principalmente medo das discriminações que iria sofrer... E novamente meus pais seguraram todas as barras e foram em busca das respostas que todos nós precisávamos e todos tínhamos medo de ouvi-las.
No principio tudo era muito negativo, os prognósticos os piores possíveis, as informações disponíveis mínimas... Só diziam que ele nunca andaria, nunca falaria, nunca largaria as fraldas, nunca aprenderia a ler... NUNCA, NUNCA, NUNCA!!!! Só esqueceram de avisar isto para ele e para minha mãe, que esta sim NUNCA DESISTIU... E hoje ele anda, com algum esforço e devagar, mas é o cara mais rueiro que conheço! Fala, o carlinhes como chamamos, mas basta 5 minutos em sua companhia para aprender esta língua linda, e como fala! Aposto que chega a ter câimbras na língua!!! Não usa fraldas e nunca faz xixi na cama, nem com campeonato de cosquinhas! E realmente não lê, mas quem precisa ler quando se tem o Sorriso mais generoso do mundo?
E aos poucos o desconhecido foi se tornando conhecido, ele enfrentou todas as lutas com garra e determinação sem nunca se dar o direito de desistir, as discriminações realmente vieram e posso falar sem medo de me enganar que estas sim doeram fundo nele e em nós, principalmente quando partiram de pessoas que diziam gostar dele, e certamente cada vez que ela se fizer presente irá fazer a alma sangrar, mas ele novamente foi forte, belo e grande e com seu sorriso provou o quanto estas pessoas eram pequenas e infelizes... Ele superou e supera todos os dias as limitações que sua condição impõe. Ele sempre vai além e indo além nos mostra que também não temos o direito de desistir.
Hoje 1142 km nos separam, mas a distância entre RIO e Brasília deixa de existir no momento em que o ouço dizer brincalhão: ‘OI, Ecaaaaaaaaaaaaa’ e aí todos os infortúnios do dia ficam para trás e só consigo agradecer ao mesmo Deus que um dia chamei de feladaputa injusto, por ter me presenteado com a convivência com alguém tão grande quanto o nosso Carlinhos!!!!
Chorei. Pq sei exatamente sobre o que vc fala, sinto seus sentimentos, e sei que qdo vc fala em superação, é superação mesmo, a mais genuína que poderia existir! Realmente, com um sorriso nada mais importa! =))
ResponderExcluirNossa Roberta... como as histórias são parecidas!!!
ResponderExcluirMeu Lucca tem 5 anos e meio... também é portador de paralisia cerebral, mas é um pimentinha safado que só faz o que quer, e não faz o que não quer de jeito nenhum... rsss.
Pode ter certeza que também NUNCA vamos desistir, e as pessoas que nos discriminam já nos distanciamos e pronto.
Agora ganhamos o Gabriel de presente... o segundo presente, pois o Lucca foi o primeiro. Presentes valiosíssimos que amamos incondicionalmente... putz, poderia escrever um livro aqui... mas vou parar, kkkk.
Beijos.
Mona Lisa.
Nossa Roberta... como as histórias são parecidas!!!
ResponderExcluirMeu Lucca tem 5 anos e meio... também é portador de paralisia cerebral, mas é um pimentinha safado que só faz o que quer, e não faz o que não quer de jeito nenhum... rsss.
Pode ter certeza que também NUNCA vamos desistir, e as pessoas que nos discriminam já nos distanciamos e pronto.
Agora ganhamos o Gabriel de presente... o segundo presente, pois o Lucca foi o primeiro. Presentes valiosíssimos que amamos incondicionalmente... putz, poderia escrever um livro aqui... mas vou parar, kkkk.
Beijos.
Mona Lisa.
Lindo!!! Nossas histórias são muito parecidas... Nós também nunca vamos desistir do Lucca, nosso príncipe, e como costumo chamá-lo ultimamente, meu anjo da asa quebrada!!!
ResponderExcluirAjudarei-o a voar por onde eu puder... rsss.
Estarei sempre do lado de pessoas especiais assim como vocês.
Bjs.