segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Meu primeiro amor eterno

Há exatos 21 anos e 20 dias conheci meu primeiro grande, incondicional e infinito amor, o Carlinhos... Chegou neste mundão chorando baixinho, respirando fraquinho e mesmo tão minduinho já veio mostrar que era um garotão guerreiro, bravo, destemido e disposto a superar todos os obstáculos que a vida iria lhe apresentar.
Os primeiros dias cercaram a família inteira de uma apreensão terrível, vê-lo ali na UTI neonatal  lutando pela vida colocou a todos num compasso de espera e só conseguimos respirar aliviado quando ele venceu aquela batalha e foi para casa... Ele foi crescendo enchendo a casa com aquele tipo de alegria que só os bebês são capazes de transmitir e aos poucos percebemos que ele não se desenvolvia como os outros bebês... Mamãe brigava com o Pediatra que insistia que ele era apenas um bebê preguiçoso, enfim quando ele tinha pouco mais de um ano ela encheu tanto o saco do pediatra que saiu do consultório  com uma  guia solicitando um Eletroencefalograma.
Quando o resultado do exame saiu veio então a notícia que transformaria a vida de todos nós a partir daquele dia e ainda hoje quase 20 anos depois sou capaz de ouvir com clareza a voz do meu pai falando: “Roberta, ele tem Paralisia Cerebral.” Minha alma rasgou e saí caminhando sem rumo, por mais que eu tentasse as controlar as lágrimas brotavam dos meus olhos e eu só conseguia pensar: Porque ele?  Porque não eu? E sinceramente naquele momento achei que Deus era o ser mais feladaputa  injusto que eu conhecia.
Tive medo, medo do desconhecido, medo do que ele iria enfrentar e principalmente medo das discriminações que iria sofrer... E novamente meus pais seguraram todas as barras e foram em busca das respostas que todos nós precisávamos e todos tínhamos medo de ouvi-las.
No principio tudo era muito negativo, os prognósticos os piores possíveis, as informações disponíveis mínimas... Só diziam que ele nunca andaria, nunca falaria, nunca largaria as fraldas, nunca aprenderia a ler... NUNCA, NUNCA, NUNCA!!!! Só esqueceram de avisar isto para ele e para minha mãe, que esta sim NUNCA DESISTIU... E hoje ele anda, com algum esforço e devagar, mas é o cara mais rueiro que conheço! Fala, o carlinhes como chamamos, mas basta 5 minutos em sua companhia para aprender esta língua linda, e como fala! Aposto que chega a ter câimbras na língua!!! Não usa fraldas e nunca faz xixi na cama, nem com campeonato de cosquinhas! E realmente não lê, mas quem precisa ler quando se tem o Sorriso mais generoso do mundo?
 E aos poucos o desconhecido foi se tornando conhecido, ele enfrentou todas as lutas com garra e determinação sem nunca se dar o direito de desistir, as discriminações realmente vieram e posso falar sem medo de me enganar que estas sim doeram fundo nele e em nós, principalmente quando partiram de pessoas que diziam gostar dele, e certamente cada vez que ela se fizer presente irá fazer a alma sangrar, mas ele novamente foi forte, belo e grande e com seu sorriso provou o quanto estas pessoas eram pequenas e infelizes... Ele superou e supera todos os dias as limitações que sua condição impõe. Ele sempre vai além e indo além nos mostra que também não temos o direito de desistir.
Hoje 1142 km nos separam, mas a distância entre RIO e Brasília deixa de existir no momento em que o ouço dizer brincalhão: ‘OI, Ecaaaaaaaaaaaaa’ e aí todos os infortúnios do dia ficam para trás e só consigo agradecer ao mesmo Deus que um dia chamei de feladaputa injusto, por ter me presenteado com a convivência com alguém tão grande quanto o nosso Carlinhos!!!!

4 comentários:

  1. Chorei. Pq sei exatamente sobre o que vc fala, sinto seus sentimentos, e sei que qdo vc fala em superação, é superação mesmo, a mais genuína que poderia existir! Realmente, com um sorriso nada mais importa! =))

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  2. Nossa Roberta... como as histórias são parecidas!!!
    Meu Lucca tem 5 anos e meio... também é portador de paralisia cerebral, mas é um pimentinha safado que só faz o que quer, e não faz o que não quer de jeito nenhum... rsss.
    Pode ter certeza que também NUNCA vamos desistir, e as pessoas que nos discriminam já nos distanciamos e pronto.
    Agora ganhamos o Gabriel de presente... o segundo presente, pois o Lucca foi o primeiro. Presentes valiosíssimos que amamos incondicionalmente... putz, poderia escrever um livro aqui... mas vou parar, kkkk.
    Beijos.
    Mona Lisa.

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  3. Nossa Roberta... como as histórias são parecidas!!!
    Meu Lucca tem 5 anos e meio... também é portador de paralisia cerebral, mas é um pimentinha safado que só faz o que quer, e não faz o que não quer de jeito nenhum... rsss.
    Pode ter certeza que também NUNCA vamos desistir, e as pessoas que nos discriminam já nos distanciamos e pronto.
    Agora ganhamos o Gabriel de presente... o segundo presente, pois o Lucca foi o primeiro. Presentes valiosíssimos que amamos incondicionalmente... putz, poderia escrever um livro aqui... mas vou parar, kkkk.
    Beijos.
    Mona Lisa.

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  4. Lindo!!! Nossas histórias são muito parecidas... Nós também nunca vamos desistir do Lucca, nosso príncipe, e como costumo chamá-lo ultimamente, meu anjo da asa quebrada!!!
    Ajudarei-o a voar por onde eu puder... rsss.
    Estarei sempre do lado de pessoas especiais assim como vocês.
    Bjs.

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Apesar de falar mais do que o homem da cobra, adoro quando vc também consegue falar! Então saí da moita e Pitaca a vontade...