Uma de minhas maiores preocupações como mãe, sempre foi, a de educar minhas crias para serem antes de tudo independentes e livres de preconceito! Senti e sinto na pele o quanto um preconceito bobo pode dilacerar a alma de alguém, e sempre me preocupei para que meus filhos não fossem capazes de cometer um ato tão sórdido.
No Início deste ano cheguei a me preocupar seriamente com isto, no caminho para a ex- escola das crianças, sempre passávamos por um rapaz que tinha necessidades diferenciadas, e me incomodava muito o olhar que meus pequenos lançavam para ele. Todo dia era o mesmo blábláblá nos ouvidos dos pobres, que o tal rapaz não tinha nada demais, nem de menos, que ele era só diferente deles, que era feio o tipo de olhar que eles lançavam, que a mamãe ficava triste, whiskas sache, patati e patata. Mas nada surtia efeito e isto começou realmente a me deixar muito irritada com os pequenos!
Niqui eu resolvo colocar silicone, uma semana depois me estabaco de peito no chão, merece outro post, abro todos os pontos e minha Mãe literalmente voa de Brasília para o Rio para socorrer a filha destrambelhada machucada, e lógico que junto vêm o Mister Rua Carlinhos... Logo que eles entram, eu congelo por instantes e meu olhar inconscientemente vai para os pequenos, juro que se derem aquele olhar arranco um fígado e um baço analisar como reagem e vejo o olhar começar a surgir, o sangue sobe, mas antes que alcancem a minha cabeça de louca furiosa e minhas mãos alcancem os santos pescoçinhos, vejo o menino sorriso ir em direção deles e simplesmente beijar e danar a falar.... E como falaram... O Carlinhes foi de pronto compreendido e era difícil conseguir separar aqueles três malucos. (Santa mãe que segurava a onda dos meninutudo e ainda cuidava do meu peito arreganhado).
Logo em seguida que eles voltaram para Brasília e a rotina da escola recomeçou, encontramos de novo o rapaz caminhando na rua da escola e a reação já era diferente, o olhar já não existia mais no lugar dele apareceu um “Oi Tudo bem?”.
E comecei a respirar aliviada e envergonhada, percebi que o preconceito estava na MINHA cabeça doente, maluca e insana, que na verdade os meninos só olhavam o que não conheciam, que tinham tido pouca ou nenhuma oportunidade de conviver com o diferente já que me exilei , mudei para o rio quando o Hugo tinha apenas 7 messes e a Aline ainda era um projeto distante.
E talvez por isto hoje eu seja a maior incentivadora da inclusão e na realidade nem tanto pelo especial (realmente odeio este termo, um dia encontro outro, mas não agora que tô com preguiça!), mas principalmente para o ”normal”. Pois estes sim precisam vivenciar para perceberem que apesar do outro fazer as coisas de forma diferente, são exatamente iguais em sua essência e é isto que realmente importa. Tenho certeza que se esta convivência entre normais e especiais fosse mais incentivada, por todo mundo, Sim amiga dona de casa, muitas vezes é a família do especial que evita o contato, por medo, vergonha, preconceito ou sei eu lá o que, certamente algumas das cicatrizes que hoje caminham comigo não existiriam.
E hoje morro de orgulho quando vejo que atualmente o boneco predileto do Hugo Leopoldo é um boneco de Trapo que ele obrigou a tia Eliene (faz tudo que me tira da senzala dois finais de semana por mês) a costurar muletas e que carrega para todo canto afirmando ser o super-herói que vai protegê-lo do Tio martelo (irmão do bicho papão)!
E o que vc acha de dar bonecos diferenciados para seu filho começar a descobrir que o diferente é exatamente igual?
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Apesar de falar mais do que o homem da cobra, adoro quando vc também consegue falar! Então saí da moita e Pitaca a vontade...