Preguiça sem culpa

Como comentei no FB, estes dias de Rio+20 troquei de nome e passei a me chamar PREGUIÇA! E sim hoje já é o segundo dia que meu cabelo não vê uma escova. E sim, as crianças estão em casa e banidas do meu espaço em 93,74% do tempo. Sinto culpa ou vergonha? NENHUMA!!!!

Isto faz de mim uma péssima mãe? Não, pelo contrario, acredito que sou ma mãe melhor por isto. Aprendi a me respeitar, a respeitar os meus limites, meu espaço e principalmente a me mimar.

Sabe, venho num ritmo louco, super envolvida com o trabalho, que apesar de amar me desgasta e consome boa parte da minha energia, morrendo de saudade da Zebra, segurando a onda financeira da casa praticamente sozinha, dormindo tarde, acordando cedo e nos finais de semana, como fico sem a ajuda fundamental da Lele, lá vou eu cuidar da casa, separar briga das crianças, inventar comida diferente para despertar o apetite do HL... Com isto aos poucos o alerta amarelo começou a acender, as câimbras voltaram a perturbar, a parestesia tem estado presente quase diariamente, a força muscular começou a diminuir e a dor saiu do controle me obrigando a apelar diariamente para o uso do Tramal... E por mais que eu queira fingir que os sinais não existem e até faça piada com eles, eles estão ali alertando que o potássio está caindo e que o Sjogren está saindo de sua confortável hibernação e não quero e NÃO vou entrar de novo na roda viva louca que é a doença sem controle, por um mero capricho de querer brincar de mulher maravilha.

Além disso, desde que a Zebra nasceu sempre defendi a teoria que só sou mãe porque antes era MULHER, e tenho certeza que se eu abrir mão do meu espaço MULHER, serei uma péssima mãe.  Então me dou sim o direito de me afastar de vez em quando  - mesmo que apenas emocionalmente -, de fingir que não estou ouvindo as brigas entre irmãos e de falar sem medo de ser menos amada: ‘Tá bom, agora vai pra lá que a mamãe quer ficar sozinha no quarto, e aproveita na saída FECHA a porta’, aqui as crianças já nasceram e crescem neste esquema, então acham absolutamente NORMAL, sabem que a mamãe é um bicho estranho, que precisa de vez em quando ficar sozinha com ela mesma, a toa mesmo, que preza sua individualidade como a própria vida e que isto não quer dizer que ela os ame menos, ou que não podem contar com ela, sabem que mesmo nos momentos de casulo e que ela entra para a caverninha secreta onde NINGUEM mais entra, se o bicho REALMENTE pegar, ela saíra da toca, pronta para agir, cuidar, defender ou seja lá o que for preciso, mas que aí de quem ouse pertubá-la nestes momentos por uma besteira qualquer. Eles respeitam, compreendem e aproveitam para se matarem sem ter que ouvir duas horas de sermão Materno.

Então, continuo por aqui, aproveitando a folga que a Rio+ 20 me proporcionou, curtindo meus últimos instantes de mulher de 38 anos, e sem um pingo de vergonha em admitir que até sábado na hora em que a Lele entrar de folga, EU estou de folga, não só do trabalho, mas de casa, dos meninos, do marido e da vida... E até lá o único esforço que farei é respirar e gritar para que me tragam algo para comer e para reporem minha Coca, apenas para não morrer de pura inanição.

PS: Tá talvez amanhã eu abra mão da rabugice e saía da tumba de Mun Há, mas só porque é meu aniversário e não sei se aniversário na tumba tem graça

PS2: Parem de falar que sou um ser sem coração e que não liga para os bichinhos, plantinhas, aguinhas e planetinhas, estou fazendo minha parte pela sustentabilidade, afinal nestes dois dias de Rio+20, Assumi a preguiça, voltei à pré adolescência e economizei água do banho de dois dias.