segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O Cão da Divisa

E daí que o ano era 2005, eu morava na divisa do fim do mundo com coisa nenhuma, e a cada dia que passava estava mais infeliz e irritada com tudo e todos, e apesar da companhia adorável do Adolfo Felino manco de uma pata, eu sentia falta de um cão... Sempre tive cachorro, sou filha de um cara, chato pra cacete, mas apaixonado por bichos e sabia que nada melhor para suportar a cidade onde nem o diabo quis viver que um bom e querido cão.
Hugo detestava a ideia, jurava que cão e apartamento eram duas coisas impossíveis de serem combinadas, mas de tanto ouvir chorôro e mimimi acabou topando a ideia... lógico que no fundo rezava para eu nunca encontrar o cão ideal mas topava a ideia...
Um belo sábado lendo o folhetim jornal local, me deparo com o anuncio: doo Poodle adulto médio preto... Enchi o saco do marido e lá fomos nos conhecer o tal cão.. No primeiro momento não fomos com a cara um do outro... Fiz careta para ele e ele simplesmente ignorou minha nobre presença... Cutuquei o Hugo e queria ir embora, mas a empatia e o amor entre os dois já estava estabelecido... Então fui convencida a dar uma voltinha no quarteirão para ver se o cão gostava da gente, mais uma vez fui absurdamente desprezada pelos dois.  Mas como Hugo tinha caído de amores pelo cão cego, feio, de pelo embolorado e que insistia em me desprezar resolvi não dar chance para o azar, vai que o chato de galochas desiste de deixar um cão coabitar em nosso lar e adotei o cão.
Corremos igual doidos para achar uma boa alma na divisa que topasse fazer uma tosa e um bom banho no cão em pleno sabadão à tarde... Mas como papai do céu realmente tava a fim de ajudar o Cão acabamos conseguindo o milagre de fazer alguém trabalhar na divisa no sábado á tarde...
 E Finalmente o cão chegou em casa, onde enfim revelou que na verdade não passava de um lindo macho alfa que descobriu que tenho uma queda por cafajestes do sexo oposto e me deu o desprezo inicial necessário para que em minutos me colocasse de quatro diante dele. Na verdade embaixo daquele embolorada de pelos fedorentos se escondia um lindo cão preto, que por ter sofrido muito na mão de donos babacas, tinha aprendido a valorizar o respeito e a amizade entre humanos e caninos ...
 E Até hoje uma das minhas maiores alegrias é quando o cão, hj já um senhor, anda pela casa em duas patinhas igual um anãozinho preto pronto para receber carinho, e nos mostrar o quanto somos importantes na vida dele.

2 comentários:

Apesar de falar mais do que o homem da cobra, adoro quando vc também consegue falar! Então saí da moita e Pitaca a vontade...